O rapper Adriano Dplay, que deu início ao projeto em junho de 2020, em Canoas, recorda que muita gente, naquela época, falou que era perda de tempo: brasileiro não gosta de ler, diziam. Mas Dplay viu sua rede de contatos se expandir rapidamente, com cada vez mais artistas querendo pintar geladeiras – e cada vez mais líderes comunitários pedindo uma geloteca perto de casa. – O problema é outro: as pessoas gostam de ler, mas não leem por falta de acesso aos livros. Ou por falta de provocação, já que as gelotecas cumprem esse papel de chamar atenção para a cultura. Em todos os lugares onde foram instaladas, a aceitação foi imediata – afirma Adriano. De um ano para cá, cidades como Porto Alegre, Viamão, Gravataí, Cachoeirinha, Sapucaia, Alvorada, Esteio, Cidreira e Quintão foram recebendo gelotecas. Mais do que isso, foram conquistando leitores que nunca tiveram o hábito de ler: além de crianças, idosos e trabalhadores – que vão de catadores a pedreiros –, até moradores de rua passaram a frequentar as geladeiras grafitadas, que são reabastecidas com livros, gibis e revistas o tempo todo. Aliás, tanto as geladeiras usadas quanto os livros chegam por meio de doações (o perfil @projetogeloteca, no Instagram, recebe boa parte delas). As latas de spray, antes bancadas pelos próprios grafiteiros, agora são cedidas pela marca de tintas Paris 68. E, até aqui, 28 artistas já trabalharam na pintura das gelotecas. A meta é alcançar, no final do ano, a marca de 150 geladeiras em 20 municípios. Já ficou claro que leitores não vão faltar. Fonte: GZH