Clipping - Seu Dinheiro - Por que as ações do setor aéreo e imobiliário sobem mesmo no pior momento da pandemia?

Pode parecer contraintuitivo, mas a reforma ministerial surpresa promovida pelo presidente Bolsonaro na tarde de ontem tem sido bem recebida pelo mercado. A leitura é que o maior apoio do Centrão (que ganhou um ministério para chamar de seu) desencalhe as reformas e outras pautas prioritárias. É por isso que na tarde de hoje o Ibovespa conseguiu se descolar da cautela observada em Nova York.  Mesmo com a pandemia ainda em estados alarmantes e boa parte do país sob medidas restritivas, o dia de otimismo generalizado tem sido especialmente positivo para empresas de setores que foram muito penalizados durante toda a crise - principalmente as companhias aéreas e as construtoras. Por volta das 16h, empresas desses setores dominavam a lista de melhores desempenhos da bolsa brasileira. O Top 10 da sessão desta terça-feira conta também com a presença de empresas do setor de shopping centers. Mas porque essas empresas avançam em meio ao pior momento da pandemia? Além da influência de Brasília nos negócios domésticos, existe também uma percepção de que uma reabertura da economia brasileira está mais próxima do que se imaginava. Parte desse otimismo vem do ritmo de vacinação - ainda lento, mas que vem progredindo, batendo quase um milhão de doses aplicadas diariamente. Até o momento, foram mais de 21,6 milhões de doses aplicadas - quase 8% da população recebeu a primeira dose e 2,32% completou as duas aplicações necessárias. O número ainda é baixo, mas já traz algum alento. Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos e professor de economia da IBMEC-RJ, também destaca a importância dos números do Caged divulgados hoje para essa percepção mais animadora da economia brasileira. O país criou 401.639 vagas de trabalho em março, superando o teto das estimativas dos analistas ouvidos pela Broadcast, que era de 283.936 vagas. “O mercado se animou, avaliando que a medida em que a vacinação prospere a pandemia poderá ficar controlada no médio prazo. Dessa forma, como os ativos brasileiros estão relativamente baratos em dólares, pode ser uma boa oportunidade de compra”. - Alexandre Espírito Santo Todo esse alívio acaba levando a uma queda dos juros futuros, que vinham de forte alta nas últimas semanas, principalmente após a retomada do ciclo de alta da Selic. Pressionadas pela elevação dos juros, as empresas do setor imobiliário aproveitam o momento para buscar uma recuperação mais expressiva. No caso das empresas aéreas, o momento é dúbio, já que estamos vivendo um momento bem diferente do que ocorre no exterior. Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, pontua que as companhias do setor estão repercutindo os dados da alta temporada - quando havia menos restrições em curso - e também um otimismo que chega do exterior. A forte vacinação nos Estados Unidos e a chegada da temporada da alta temporada no exterior puxa as empresas estrangeiras - hoje a American Airlines também tem uma alta na casa dos 5%. “O cenário mais favorável da pandemia nos EUA e essa questão sazonal, fazem termos boas perspectivas nas aéreas americanas, o que acaba refletindo nas aéreas nacionais também." Fonte: Seu Dinheiro