Clipping – Diário de Canoas - 47% dos gaúchos tiveram a vida financeira afetada pela pandemia, aponta pesquisa

Segundo dados levantados pelo Iepro-RS, 40% das famílias tiveram ao menos um membro impactado pela diminuição da renda ou perda de emprego durante esse período

Mais de cinco meses depois do início da pandemia de Covid-19 no Brasil, as diversas medidas de isolamento social e incertezas econômicas trouxeram consequências negativas para o orçamento dos gaúchos: 47% tiveram a vida financeira afetada, conforme a pesquisa “Impactos financeiros na vida dos gaúchos durante a pandemia”, realizada pelo Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS). Desse grupo, mais de um terço considera que as finanças pessoais foram “muito afetadas”. O retrato dos lares gaúchos mostra a dimensão das consequências financeiras: 40% das famílias tiveram ao menos um membro impactado pela diminuição da renda ou perda de emprego durante esse período. Conforme o levantamento dos Cartórios de Protesto do Estado, 16% dos entrevistados foram demitidos desde o início da pandemia. Para o presidente do Iepro-RS, Romário Pazutti Mezzari, “Este é um momento em que podemos dimensionar os estragos que a pandemia trouxe para a vida financeira dos gaúchos. Os impactos, que já foram elevados, poderiam ser ainda piores sem o auxílio emergencial, por exemplo, que trouxe um alívio para os que ficaram ser orçamento e um ânimo para a economia.” Trabalhadores com carteira assinada Entre os trabalhadores com carteira assinada que se mantém no emprego, 40% tiveram redução no salário. A maioria deles teve uma diminuição entre 11% e 30% na remuneração. 27% dos entrevistados tiveram diminuição de salário por conta da redução na jornada de trabalho, outros 12% por conta da suspensão do contrato de trabalho. “A maioria dos trabalhadores com carteira assinada manteve os seus empregos por conta das medidas de flexibilização das regras trabalhistas, o que trouxe um alívio, em partes, tanto para o empregador quanto para o empregado”, comenta Mezzari. Mesmo após cinco meses do início das medidas de isolamento social, as incertezas econômicas ainda fazem parte do cenário brasileiro, o que impede uma volta à normalidade no mercado de trabalho. Segundo a pesquisa, 75% dos trabalhadores que tiveram redução ou suspensão do contrato permanecem na mesma situação, o que significa que seu salário ainda está abaixo da média anterior à pandemia. Os mais afetados: autônomos, informais e empreendedores Para os autônomos, informais e empreendedores, o impacto da crise foi ainda mais severo. 79% armam ter tido uma redução na renda. Dentre os que tiveram a remuneração afetada, mais de um terço teve uma diminuição entre 31% e 50% na renda, e 26% dos entrevistados tiveram uma queda entre 51% e 70% no orçamento. Impacto nas dívidas O estudo mostrou que 42% dos gaúchos deixaram de pagar alguma conta durante a pandemia. O cartão de crédito foi a principal dívida não paga (21%), seguido por carnê de lojas (18%) e água e luz (14%). Quase um terço das contas não pagas durante a pandemia têm valores acumulados entre R$1.500 e R$2.500. A dica neste momento é de sempre “tentar negociar com o credor os valores em atraso. É importante também que as pessoas tentem priorizar o pagamento de contas que tem juros mais elevados, como é o caso do cartão de crédito”, alerta Mezzari. Negociação das dívidas Apesar da crise, 94% dos entrevistados disseram que pagariam suas contas se recebessem um desconto do credor ou fosse oferecido algum tipo de renegociação. A boa notícia, ainda, é que quase 80% pagariam suas dívidas se fossem intimados pelos Cartórios de Protestos. “Esses dados mostram que é o momento de renegociar, de buscar um entendimento entre as partes, pois também é do interesse do devedor quitar as suas dívidas”, comenta o presidente. Os Cartórios de Protesto são mediadores efetivos entre credor e devedor, recuperando, em média, 3 em cada 4 dívidas em até três dias úteis. Metodologia da pesquisa As entrevistas foram realizadas com 748 pessoas de ambos os sexos, acima de 18 anos e de todas as classes sociais, em todas as macrorregiões do Rio Grande do Sul, de forma presencial, entre os dias 04 e 24 de agosto de 2020. Sobre o Iepro-RS: Os 298 Cartórios de Protesto do Estado são representados pelo Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS), entidade de classe sem fins lucrativos que visa promover estudos, debates e pesquisas e representar os interesses relacionados ao protesto. Fonte: Diário de Canoas