Clipping – Folha de S. Paulo - Juros mais baixos e crescimento do PIB favorecem a pequena empresa em 2020

Cenário econômico vai facilitar o investimento em novos negócios e estimular o surgimento de serviços voltados para empreendedores

A economia deve ajudar os pequenos empresários em 2020. Juros baixos, inflação controlada, oferta de crédito mais barato e recuperação da atividade econômica, ainda que lenta, compõem um cenário favorável. O desafio do empreendedor será adaptar-se às transformações digitais e aos novos tipos de contratos de trabalho. Em 2019, a previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça 1,12%, em vez dos 0,9% previstos anteriormente, segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, que também revisou a projeção do PIB de 2020 de 2,32% para 2,4%. Segundo o mesmo boletim, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2020 será de 3,62%. Em 2019, a variação acumulada foi de 3,91%. A taxa básica de juros em patamares mais baixos —a Selic fechou 2019 em 4,5%, a mínima histórica— torna o crédito mais barato e deve estimular o investimento em pequenas empresas. Hoje, pequenas e médias são responsáveis por 54% dos empregos formais do país. A figura do MEI (microempreendedor individual), que alcançou 8,6 milhões de pessoas em 2019, segue firme para 2020. “Quem vai gerar oportunidades de trabalho são as pequenas e médias empresas, já que as grandes passam por um processo intensivo de automação e robotização”, diz Wilson Poit, diretor superintendente do Sebrae-SP. A FecomercioSP, que reúne o varejo paulista, projeta um cenário favorável para 2020. A tendência é que as vendas aumentem 6%, com um faturamento de R$ 783 bilhões, R$ 42 bilhões a mais do que o registrado em 2019. Segundo Kelly Carvalho, economista da FecomercioSP, a expectativa é de uma melhora no ambiente empresarial, com a MP da Liberdade Econômica, que pretende reduzir a burocracia na abertura de empresas, principalmente as de micro e pequeno porte, e flexibiliza itens como registro de ponto para firmas com menos de 20 funcionários. Mesmo com uma perspectiva de crescimento da economia, os empreendedores devem ficar atentos ao planejamento financeiro e a fatores externos que podem afetar o preço de produtos importados, tais como as eleições presidenciais nos EUA, marcadas para novembro. “O empresário deve se ater a estratégias criativas para atrair e reter clientes, analisar a concorrência e não deixar de realizar seu planejamento para o ano”, diz Kelly. Com perspectivas econômicas favoráveis para a micro e pequena empresa, empreendedores estão apostando em negócios que atendam a esse público. É o caso da Cora, uma startup de serviços financeiros que se prepara para lançar seus produtos no mercado. A empresa já opera em testes com alguns clientes e oferece uma conta digital simplificada que inclui pagamentos, transferências e emissão de boletos sem custo pelo aplicativo. A expectativa é lançar a conta digital no primeiro semestre, e, até o fim do ano, começar as primeiras operações de crédito. “A ideia é oferecer os produtos financeiros que um banco tem, mas de uma forma desburocratizada e com atenção às demandas dos pequenos negócios”, diz Igor Senra, sócio fundador da Cora. A empresa acabou de receber um aporte de US$ 10 milhões (R$ 41,7 milhões), liderado pelos fundos Kaszek Ventures e Ribbit Capital, entre outros. A Cora tem 46 colaboradores e deve ganhar mais 20 no decorrer do ano. De acordo com o Sebrae-SP, há espaço para negócios inovadores que vão além dos tradicionais, como as áreas de alimentação, saúde e beleza e cuidados com animais. O empreendedor Gianpaolo Papaiz decidiu se aventurar por um negócio novo. Em novembro do ano passado ele criou a Protto, startup cuja proposta é vender ao consumidor objetos desconstruídos e fomentar a cultura do “faça você mesmo”. Após desenvolver o conceito por aproximadamente um ano, Papaiz investiu R$ 800 mil na ideia e lançou o primeiro produto, uma luminária que vem desmontada em uma caixa, com o passo a passo para que o consumidor a construa, incluindo a parte elétrica e eletrônica. É vendida por R$ 1.000. A empresa opera de forma enxuta, com quatro colaboradores, e utiliza como sede um galpão industrial em Diadema, na Grande São Paulo, que pertence à família do empreendedor. As vendas são por um ecommerce próprio. A meta é vender mil luminárias nos próximos meses. “O cenário é desafiador porque estamos lançando um produto inédito no mercado, em um momento em que o país apenas começa a sair da recessão. Apostamos, no entanto, na ideia inovadora”, afirma Papaiz. No decorrer de 2020, os planos da startup são lançar outros objetos com o mesmo conceito e também um produto que possa ser utilizado em escolas. Fonte: Folha de S. Paulo