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Artigo - Tecnologia vem para salvar a profissão de advogado e lhe dar ainda mais valor - Por Marcelo Molina

Nos últimos anos, especialmente nos últimos dois, temos visto o surgimento de novas tecnologias no mundo jurídico, que, apesar de ainda estarem em fase inicial se comparadas com o quanto podem evoluir, já demonstram grande potencial para se tornarem exponenciais e efetivamente transformarem o mercado jurídico e então realmente impactarem o papel do advogado e suas atuais atribuições de uma vez por todas.

Claro que o advogado deve acompanhar toda essa inovação, mas antes ou até mesmo simultaneamente deve investir em sua mudança comportamental, deve pivotar seu mindset, investir no desenvolvimento de capacidades intelectuais, novas habilidades e especialmente cuidar da inteligência emocional.

Por muito tempo o advogado ocupou um papel muito distante da sociedade e de seus clientes, com uma postura legalista e com pouca visão de desenvolvimento de negócios, não por simples resistência, mas por terem sido treinados nas academias a focarem os problemas única e exclusivamente jurídicos e na proteção e segurança de seus clientes.

Esse comportamento já não se encaixa com o atual perfil da sociedade e dos novos empreendedores, que estão fartos de tanta burocracia, lentidão, formalidade. O advogado de hoje deve estar preparado para ser demandado para ajudar a tirar os negócios do papel, encaixando as legislações a toda inovação e novos modelos de negócios que aparecem aos montes nos dias atuais.

O mercado de hoje clama por apoio dos profissionais da área jurídica para que ajudem a tirar os projetos do papel com total segurança ou para que estes tomem atitudes para desburocratizar o sistema. Isso mostra que o papel do advogado ainda é importante e tem muito a colaborar com a nova economia, mas para isso o advogado deverá ter uma nova visão de mercado para continuar tendo essa importância.

O advogado atual deverá observar dois pilares importantes para seu desenvolvimento: i) mudar seu mindset e ii) se desenvolver no campo da inteligência emocional, intelectual e relações interpessoais, caso contrário o advogado não perderá espaço apenas para as novas tecnologias, mas, sim, para seu próprio comportamento, que costumeiramente mantém uma distância de seus clientes e é bastante burocrático, assim como a Justiça brasileira.

Esse novo formato de advocacia trazido pela inovação poderá ser muito bem equilibrado e até bem-sucedido caso exista o velho e bom toque humano.

O toque humano do advogado está em se dedicar mais aos assuntos complexos e que demandem raciocínio lógico e sensibilidade, ficando livre das atividades repetitivas e burocráticas que tendem a ser ocupadas pelas inovações tecnológicas. Neste momento, o advogado estará livre para desenvolver outras habilidades e então poderá se valer de toda a capacidade humana para exercer suas atividades com muito mais qualidade e eficiência e cuidando efetivamente dos seus clientes.

Este novo profissional deverá estar próximo das novas tecnologias e muito mais preparado para as novas exigências dos clientes, ocupará um papel de conselheiro e entenderá de negócios, e não apenas de leis.

A tecnologia está trazendo grandes oportunidades para advocacia, pois está devolvendo aos advogados o direito de efetivamente advogar e exercer o que têm de mais precioso: seu raciocínio, sensibilidade, poder de convencimento e persuasão. Com todo esse toque humano não há que se preocupar com os robôs ou inteligência artificial, o desenvolvimento humano e intelectual será o oceano azul no futuro da advocacia, pois a tecnologia, com o tempo, se tornará commodity e colocará todos em pé de igualdade, e nesse momento serão valorizados os advogados que se capacitarem em atividades única e exclusivamente humanas.

Na verdade, a tecnologia vem para salvar a profissão de advogado e lhe dar ainda mais valor, lembrando que atividades mecânicas e repetidas nunca foram funções de advogados; portanto, não se pode perder o que nunca se teve.

* Marcelo Molina é sócio-fundador do Molina Advogados.


Fonte: Consultor Jurídico (ConJur)